sexta-feira, julho 14, 2006

Mary na Corrida de Toiros


Gosto especialmente deste título porque me faz lembrar aqueles livros da colecção Anita.
Havia a Anita Mamã, Anita Dona de Casa, Anita na Escola e outros tantos temas de alto teor educativo, com o claro objectivo de preparar as jovens meninas para o seu futuro brilhantes de “esposas”. Sendo nesta carreira se incluíam os cargos de mulher dedicada e atenciosa ao seu marido, mãe extremosa e fada do lar. Saber ler e escrever não era um requisito, mas poderia até contar como factor diferenciador (clara vantagem competitiva na elaboração da lista das compras).
Animada deste espírito resolvi então começar a minha própria colecção que será “Mary vai / na / é qualquer coisa”.

Ontem fui ao Campo Pequeno, e mais uma vez pude observar um interessante fenómeno, tão esclarecedor acerca do comportamento animal.

À hora marcada e em grande pompa entram os Cavaleiros de casaca brilhante e chapéu de 3 bicos, montados nos seu elegantes cavalos que este ano apresentavam um interessante apontamento de moda: vinham todos de soquete (pelo menos assim me pareceram aquelas ligaduras atadas aos tornozelos), sendo que os mais ousados traziam soquete encarnadas (um chiqué!). Acompanhavam os Forcados com a tradicional calça justa beje, faixa na cintura e barrete verde na cabeça. E os Bandarilheiros, também de calça justa, mas de lycra com aplicações.
Gostei especialmente do desfile de calças justas. Todas elas continhas glúteos vistosos e bem torneados, pelo que face à dificuldade em escolher o melhor decido-me pelo ousado de calças “rosa choq” com aplicações. Um mimo.

Feitos os devidos acenos à assistência, acompanhados pela toque da corneta, chega a altura da entrada do toiro.
Fiquei um pouco desiludida com a côr parda dos bichos. Um tom terra que se confundia com a areia, mas mais deslavado. Estou certa que o aspecto encardido lhes afectou a auto-estima, e julgo que a Liga Protectora dos Animais deveria estar sensível a esta questão.
Todos os outros bem vestidos e eles naqueles propósitos. Sem um lacinho nos cornos, nem nada. Uma tristeza. Ao menos uma soquete como os cavalos...
No desfile dos 6 toiros lá apareceram um ou dois mais tradicionais, vestidos de preto. Não estavam particularmente elegantes, mas sabemos que o preto emagrece e com 600 kilos pareceu-me uma boa escolha.

Apresentados todos os personagens o espectáculo que se seguiu é o que já conhecem:

O toiro entra na arena aos pulos ... tinham-lhe dito que havia gajas pelo que lá vai ele todo entusiasmado. Afinal nada. Só uns fulanos esquisitos de calças justas, aos berros num total despropósito.
Decide esperar pelas gajas. Se calhar vêem mais tarde... Entretanto vai-se distraindo com o espectáculo de animação que montaram na bancadas.
Tenta não ligar mas os fulanos esquisitos não páram de provocá-lo... mau.... será que também vieram por causa das gajas? Pelo sim, pelo não, é melhor correr tudo à cornada.

Ora aqui já sabemos que a coisa corre mal para o toiro, pelo que não vale a pena entrar em detalhes.

Atrevo-me apenas a comentar que torci pelo toiro, mas tive alguns momentos em que o meu coração ficou apertado quando vi alguns glúteos tão simpáticos, ameaçados.
Houve mesmo alguns rasgões, e infelizmente por baixo da calça beje não existia uma excitante cueca fio dental mas apenas tecido verde, imenso tecido verde...
Por momentos imaginei o forcado só de cueca verde e barrete a condizer, mas o espectáculo exigia atenção, pelo que me voltei de novo a concentrar no toiro.

Despachados os tipos de calças de lycra, entram as vacas! Pelo lustroso, e chocalho provocante... lindas! E em manada!

Pensei que o bicho ia ficar contente. Afinal tinha sido uma noite inteira à espera daquele momento.... Mas não é que o toiro desata à marrada nas vacas?

Elas coitadas ficaram desorientadas... esperavam quanto muito sexo animalesco... ali à bruta mesmo na arena, agora umas cornadas? Fugiram para o curral, amuadas de certo!

Resta-me concluir que é tudo uma questão de gestão de expectativas, elas esperavam sexo, ele estava cansado. Poderia apenas dizer que não lhe apetecia, mas preferiu dar-lhes uma valente sova. Não fossem os gajos de lycra ainda andarem por ali...
Só me lembrava daquele famoso provérbio: Quando chegares a casa bate na tua mulher, mesmo que não saibas porquê ela sabe.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

que fantastica noite essa. ainda bem que a corrida teve um ar tão divertido.

segunda-feira, julho 17, 2006 8:04:00 da tarde  
Blogger Nuno Cardoso Ribeiro said...

O comportamento aparentemente "misógino" do bicho tem uma explicação muito sã: as chocas, ou cabrestos, não são vacas...mas sim bois castrados!

terça-feira, julho 18, 2006 3:07:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ardentemente esperando por "Mary vai á feira... do sexo". Promete esgotar rapidamente.

terça-feira, julho 18, 2006 3:51:00 da tarde  

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