terça-feira, julho 18, 2006

Mais Rápido que a Terapia




Faz um ano que comecei a fazer terapia. Nunca achei que precisasse, aliás sempre pensei até que isso era para quem tinha traumas de infância, ou a "cabeça fraca", e por dá cá aquela palha se deixava ir abaixo e entrava em depressão.
Afinal fui parar à terapia porque não ia abaixo nem por nada, e continuava a levar tudo pela frente a um ritmo alucinante.

Um ano depois ainda lá estou e sem quaisquer perspectivas de ter "alta". Uma amiga atenta e preocupada resolveu ajudar-me e ofereceu-me um livro que promete ser "Mais rápido que a Terapia".

O livro que parecia bem ao estilo da banhada americana: "Compreender o seu cão" ou "Como conquistar um homem em 5 dias sem fazer lipoaspiração", afinal mostra-se surpreendente logo nas primeiras páginas.

São destacados alguns chavões que prometem ser um guia para a cura emocional. Essas frases são tão simples, como básicas, que até custa a crer como é que não conseguimos vê-las e aplicá-las na nossa vida quotidiana.

Após um ano a dissecar problemas, o sinal do sucesso atingido foi ouvir "é isso mesmo" ou "é esse o caminho".
Mas o caminho parece interminável, porque identificado o problema falta a solução, e como a solução está normalmente dentro de nós, está a ser deveras dificil enxergar qualquer coisa cá para dentro.
Há ainda a segunda hipótese, que acontece quando até consigo avistar a solução, mas como simplesmente não consigo resistir a mim mesma os erros sucedem-se e os problemas mantém-se.

A objectivo da terapia talvez seja conseguir um estado de insatisfação consciente.
Ou seja tomamos consciência que estamos insatisfeitos ou deprimidos, até conseguimos perceber porquê, não conseguimos resolver o problema, mas isso é secundário.
O que realmente nos consumia a energia e a disposição, era tentar perceber o porquê. "Onde é que errei? Porque é que estou triste?
Agora que sabemos podemos relaxar, e simplesmente curtir a nossa neura em consciência.

Nos estados mais avançados de consciência, conseguimos ainda transferir a culpa que colocamos nos outros, para nós mesmos e de forma positiva (essa é que é a grande inovação...)
A culpa deixa de ser da mãe ou do pai , para passar a ser do próprio que não consegue ultrapassar a questão. Mas por sua vez como a "questão" tem uma causa identificada (a tal que foi condicionada pela mãe ou pelo pai), o próprio poderá mais uma vez descansar e desculpar-se a si mesmo também. Mantém-se o trauma, mas consegue viver com isso.

A terapia afinal é isto: identificar os problemas, focar a doença, focar a infelicidade. E podemos andar anos nisto, porque de semana para semana, há um novo problema para esmiuçar.

Um dos chavões deste livro faz especial sentido para mim: "Quem espera que a vida seja perfeita, antes de se permitir ser feliz nunca será feliz"

Muitas vezes agimos de forma condicionada, julgamos que só seremos felizes se a nossa vida se modificar de acordo com algumas noções pré concebidas que temos de sucesso ou satisfação pessoal.

O nosso objectivo é ganhar mais dinheiro, mudar de emprego, ou encontrar a pessoa ideal, porque temos a certeza que só assim seremos felizes.

"E desta forma vamos adiando a nossa satisfação e contentamento para uma data posterior." (outro chavão)

O problema desta filosofia é que é insaciável. O mesmo pensamento que nos condiciona, que nos dita as condições prévias para a felicidade, continuará a fazê-lo sempre, e assim que uma delas for conseguida. Não há limites. Nunca nada será suficiente.

Não significa isto que devemos assumir uma postura de total falta de ambição, ou seja vamos ser felizes com o que temos ou com o que somos.

Simplesmente significa que devemos tentar ser felizes a cada dia, a cada momento. E os objectivos que definimos para a nossa vida serão as nossas metas, mas nunca as barreiras à felicidade.

Hoje percebo que uma sucessão de sonhos concretizados, de objectivos atingidos e metas ultrapassadas não foram suficientes para me fazer feliz. Estava sempre demasiado preocupada em fazer acontecer, em concretizar, para simplesmente viver o momento e ser feliz.
Chegava a imaginar como me sentiria feliz. Mas não se pode planear emoções, podemos apenas vivê-las, senti-las.

Se calhar já era feliz e não tinha percebido.

3 Comments:

Blogger Catarina said...

Acho que o primeiro sinal de que a terapia está a ter os seua resultados é essa objectividade e serenidade ao encarar "as questões"... Qdo acabares o livro, empresta.

quarta-feira, julho 19, 2006 9:21:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

“O Zahir é algo que uma vez tocado ou visto, nunca é esquecido – e vai ocupando o nosso pensamento até nos levar à loucura.
O meu Zahir tem um nome, e o seu nome é Ester.”

O último livro de Paulo Coelho será, porventura, o mais autobiográfico de todos. Senão vejamos: o protagonista é um escritor de meia idade, um caso sério de sucesso nas vendas e odiado pelos críticos. Nos seus livros aborda a espiritualidade e rituais iniciáticos de magia (como a alquimia), tendo já viajado por todo o mundo e sendo traduzido em inúmeras línguas. Talvez neste caso qualquer semelhança com a realidade não seja pura coincidência.
Além do sucesso, o escritor tem uma relação estável e duradoura, até que a sua vida se desmorona com o misterioso desaparecimento da sua mulher (e a perda de tudo aquilo que tomava como certo). A hipótese de ter sido abandonado por ela começa a corroer-lhe as entranhas, e leva-o a rever tudo o que possa ter falhado no seu casamento: a habituação, as certezas, o tédio.
Qual Ulisses em busca da sua Penélope, parte o escritor em direcção à sua amada – e nessa busca, vai encontrar muito mais do que aquilo que julgou à partida. É através da sua obsessão pelo Zahir que se vai descobrir a si mesmo. Uma reflexão que não foge ao estilo de Paulo Coelho sobre a liberdade, o amor e o destino.

quarta-feira, julho 26, 2006 6:35:00 da tarde  
Blogger Eva Sanfiro said...

Olá! Acabei agora de ler esse livro e adorei. Faz sentido não faz? Eu também andei em terapia durante um ano e acabei por sair porque na realidade a unica coisa que fazia era ir para lá discutir problemas, o porquê dos problemas e como me sentia e às vezes saía de lá a sentir-me pior do que entrava... Enfim, este livro fez-me muito sentido, tem uma linguagem bastante clara e por isso recomendo.
Beijos

quinta-feira, março 21, 2013 9:28:00 da manhã  

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