sábado, dezembro 16, 2006

Distância

Procuro um nome para esta sensação que trago no peito, que é semelhante a um buraco, não de vazio mas de distância.
Um distância semelhante a uma viagem pela multidão dentro de uma redoma de vidro. Posso ver, quase posso tocar, quase posso sentir. Mas há uma barreira tão fina, mas ao mesmo tempo tão resistente que me mantém distante, que não me deixa integrar.
No mundo terreno e visível isto é imperceptível à vista desarmada. Sigo segura das minhas decisões e convicções e viajo sem receio distribuindo sorrisos.
É no mais intimo dos meus segredos que se vive este dilema. Em que há tantas coisas que queria partilhar e não encontro como o fazer.
Não porque existam pessoas interessadas e empenhadas em fazer-me feliz, mas simplesmente porque não encaixam da forma correctamente idealizada dentro do meu mundo.
Não consigo encontrar o meu ideal de família, ou simplesmente não consigo reinventar um novo modelo em que sinta efectivamente feliz.
Há muitos momentos grande felicidade, mas falta-me a sensação de plenitude, como se de um verdadeiro alinhamento se tratasse, em que tudo encaixa, tudo flui.
Não consigo encontrar o meu ideal de relacionamento, porque invariavelmente choca com o meu modelo de família, ou fica aquém das minhas mais básicas (no sentido de mais profundas) necessidades.
Ou então choca com um modelo de mim própria, que também não consigo encontrar.
Sendo que pior que o desajustamento perante o ideal, é a ausência de compreensão da minha própria natureza, dos meus anseios e dos meus afectos. E da forma como isso choca com alguns ideais muito virtuosos que preconizo, de total transparência e dedicação, que são efectivamente nobres e elevados, mas que não facilitam muito a vida terrena, especialmente porque é a mim em primeiro lugar que eles condicionam e não deixam viver. Simplesmente viver.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Maria, Maria, como te compreendo…
Procurando um modelo de família :-) Ao menos procuras um modelo e não embarcas no estereotipado, parabéns, estás no bom caminho, é mesmo como dizes. No entanto vais ter dificuldade em encontrar alguém que admita isso, alguém que admita essa liberdade de seres tu, Maria, a encontrar o modelo. Se pensares que a sociedade é machista, então vais ver que a dificuldade é ainda maior. Podia dar-te o meu exemplo, mas despia demasiado este cobarde anonimato :-) Posso dizer-te que tentei tudo para te mostrar as pedrinhas por onde pensei que poderias caminhar, em total liberdade, porque é na total liberdade que encontras a plenitude, não tenho duvida.
Bem sei que o conceito de liberdade é vasto, mas começa por conquistares a liberdade individual, na escolha das tuas opções independentemente das consequências, no máximo, no fio limite da normalidade institucional :-) Claro que é preciso muita força, mas os ganhos são imensos, o respeito por ti alcançado não tem igual, passas a amar-te intensamente, começas a aguçar o espírito critico, porque raramente estás dentro, a maioria das vezes estás do melhor lado melhor para análise, apetecia-me gargalhar :-) Naturalmente que vais ter menos gente à tua volta, porque vais ficar com uma carcaça muito dura à hipocrisia, optas pelas pessoas que realmente te interessam e as outras serão adereços que respeitas mas que não tens de dar satisfações de maneira nenhuma, só és límpida para quem te dedicas completamente, tipo à filha e a mais alguém que queira partilhar a tua liberdade completa, é assim como amares sem teres posse, e seres amada sem seres objecto de posse, consegues? Penso que o segredo é esse, penso que se consegue um enorme equilíbrio, penso?!?!??!?!?!?! Era esse o caminho que tive para te mostrar, tem piada, pensei que seria sempre o teu caminho, foi em determinada altura o que pensei que estivesse no teu horizonte, mas depois foi a imensa decepção, olhei-te determinada e cheia de certezas na direcção do faz de conta, num rumo que me parece libertino, mas que nada tem a ver com a liberdade, há algumas diferenças que em tudo alteram o conceito e por conseguinte o resultado final. É o que penso.
Muito possivelmente pensarás que lá está mais um armado em esperto, armado em melhor que os outros, convencido que descobriu a verdade :-), é possível que penses assim, mas como disseste no teu texto o que concordo plenamente, foi um caminho que descobri caminhando ao encontro da minha família, com alguma ajuda teórica, mas tenho provas dadas a mim próprio e estava convencido que me querias ouvir.
Liberdade com verdade é uma mistura divina. Claro que se sofre, mas ficamos muito leves com os sofrimentos porque nós não enganámos ninguém. Pelo menos de uma forma premeditada :-)
Escreve, fico atento.
Maria, desejo muito que encontres os teus equilíbrios, tenho a sensação que vais encontrar o caminho, está mais dentro de ti no que no teu exterior, mas não será fácil.

:-)com dois textos não sei onde farei o comentário :-) já sei, meto nos dois.
Um beijinho à Francisca

domingo, dezembro 17, 2006 12:45:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

“Não há longe nem distância…” o titulo de um livrinho, livrinho de uma forma carinhosa, porque é de ouças palavras, com um grafismo muito belo, mas gordo no conteúdo.
E é uma grande verdade, não há longe nem distância entre nós, consigo olhar-te e sentir-te perto de mim, porque quero, até mesmo que não queiras tu, mas fico na dúvida se é o caso, penso que não, mas não quero ser presunçoso.  E também não interessa muito para o caso, para o meu caso, claro que tenho duvidas grandes no que concerne ao meu exterior, àquilo que não controlo minimamente, mas no que diz respeito ao meu ego tenho quase tudo resolvido e não abano muito, estou fixe.
Contigo não tenho distância, ninguém consegue mover essa energia que me une à tua pessoa, pode ser em espírito, na minha imaginação, mas é o que é e mais nada!

O que lamento algumas vezes foi o que não se disse, foi o que ficou por dizer, isso deixa-me triste. Paciência aprendi contigo que não se diz o que se sente, melhor aprendi que existe gente que pensa age assim, por mim continuarei a dizer o que penso com algum prejuízo, talvez, mas é como me sinto melhor, mais confortável, mais perto da felicidade.

Maria não há muitas, pode haver de nome, mas dignas Dele só as mulheres de coragem, aquelas que nos ajudarão a construir um mundo melhor para nós e para os nossos filhos. A libertação da mulher, virá com a libertação do homem, em conjunto faremos um mundo de entendimento mútuo vitorioso para todos.

Marina, gosto particularmente dos números impares, por isso antevejo muitos momentos felizes em 2007, para o geral é bem possível, até porque este foi mauzinho, mas para ti acredito que irá ser um ano bom, mas já sabes parte de dentro de ti, tu és a força motriz capaz de imensas coisas até daquelas que pensas que não és capaz . Fica bem, fica com muita tranquilidade, com muita harmonia geradora de felicidade.

Por mim, não te esqueço, apesar das forças do mal ficarem à frente, não me deixarei abater por uma pedra no meio do caminho.

BOM 2007!

sexta-feira, dezembro 29, 2006 3:47:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ahaha Errei, quando me queria referir ao livrinho ser de "poucas" palavras e não quando disse "ouças" palavras ahahahah
Peço desculpa pelo erro

sexta-feira, dezembro 29, 2006 3:51:00 da tarde  

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