sexta-feira, agosto 18, 2006

Nós as Giras

O despertador toca às 10h. É preciso madrugar porque o cabeleireiro está marcado para as 11h. Uma canseira é verdade, mas um convite inesperado para um casamento às 16h30 obriga a este pequenos sacrifícios.
Que chatice, estava mesmo a meio de um sonho! Um daqueles recorrentes, com montes, ladeiras e muita correria.
O terapeuta diz que estes sonhos significam excitação sexual.... É um querido o rapaz, mas lá tive de lhe explicar que os meus sonhos de sexo são bem mais explícitos. Estes das correrias devem ser os apelos do subconsciente para não faltar ao ginásio.
Voltei-me para o outro lado, afinal estava a fugir de 3 sinistras personagens, tinha de perceber como terminava perseguição.
A meio de mais uma ladeira toca o telefone. Trabalho. Como é possível??? Trabalho às 10 e meia da manhã???
“Sim, estou de férias” Do outro lado muitas desculpas mas tinha mesmo de fazer aquela pergunta e ia sair para uma reunião. Desta vez passa, é novo na equipa, ainda não está habituado às rotinas. Ainda assim verifico se não se trata de nenhuma video chamada, é que este tem uma suspeita pontaria, hoje atendi na cama, da última vez foi na banheira.... Tolices minhas certamente.

Corro para o chuveiro, já estou atrasada (nada de novo é verdade) mas o ritual dos cremes e loções é sagrado.
No cabeleireiro aproveito para me actualizar nas revistas do coração. Todas a capas têm uma tia entradota de longos cabelos amarelados e grandes seios saltitando no biquini. Nada de novo.
Resolvo então concentrar-me na minha imagem ao espelho. O cabelo liso, cheio de brilhos dourados e as unhas côr de chocolate.
Volto a casa. Tenho duas horas para me arranjar. É pouco tempo, e ainda estou indecisa em relação às sandálias, mas não posso stressar!

O fio dental acetinado é de um encarnado vibrante, parece ainda mais atrevido assim junto à pele agora dourada pelo sol. Assim só de tanga e cai-cai experimento as sandálias pretas de tiras e salto agulha frente ao espelho. Os 15 cm a mais obrigam-me a empinar o peito para que as costas fiquem bem direitas.
Gosto de ver o pé a espreitar com as unhas chocolate por dentro das tiras. Ainda assim hesito e calço outros sapatos. Mas as sandálias convencem.

O vestido é de cetim preto, com um corpete justo que me marca a cintura e acentua as ancas. Termina num folho abaixo do joelho que vai dançando à medida que dou aqueles pequeninos passos que a saia me permite.
Ponho um pouco de brilho nos ombros despidos e um colar fino e dourado bem junto ao pescoço.
A silhueta ao espelho é cheia de curvas, montes e ladeiras como nos meus sonhos. As medidas podem não ser padrão mas gosto especialmente da proporcionalidade: a curva dos seios que desliza para a cintura e alarga novamente nas ancas, na mesma medida.

Termino com a écharpe de seda translúcida e tom carmim. Os olhos parecem mais verdes assim com o contorno negro e lilás e as pestanas curvas. E os lábios mais escuros e brilhantes de repente também ganham mais volume.

Estou pronta.

Desço até ao estacionamento. O arrumador parece meio hipnotizado e nem pede moeda. Paro nos sinais e alguns olhares espreitam para dentro do carro. São 4 horas de uma quarta-feira de verão, não era suposto circular desta forma, disfarço com os óculos escuros.

A cerimónia é rápida e sobram algumas horas de sol. Junto ao rio peço um copo de vinho rosé. Um pouco de álcool distrai-me os sentidos, deixa-me mais lânguida e com o andar mais insinuante. Sacudo os cabelos e a noiva diz-me que estou linda e pede-me para dar uma voltinha.
Retribuo o cumprimento com um sorriso e dou o rodopio pedido.

Nós as giras somos assim.

2 Comments:

Blogger DIV de divertida said...

como é bom gostarmos de nós!!!!!

sábado, agosto 19, 2006 12:28:00 da manhã  
Blogger Luis said...

eh eh eh!!! mas olha, ficaram a faltar as fotos... das sandálias está claro!!!

sábado, agosto 19, 2006 1:10:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home