sábado, julho 22, 2006

Mais Rápido que a Terapia II

Responsabilize-se por si próprio. Se acredita que a resposta para a sua perturbação interior está nas mãos de alguém, está a assegurar a si próprio um vida de frustração. Ninguém vai mudar os seus hábitos, atitudes, crenças ou comportamento para que você seja uma pessoa com menos stress.

Oiço com frequência lamentações acerca do passado, seja porque tudo era tão perfeito e feliz, e algures no tempo isso se perdeu, pelo que o presente e o futuro estão irremediavelmente comprometidos numa série de infortúnios Ou então porque o passado foi uma sucessão de acontecimentos infelizes e que desta forma comprometem irremediavelmente o presente e o futuro, por uma série de traumas que impedem o indivíduo de ser feliz.

Curiosamente estas lamentações, ainda que aparentemente contraditórias, podem ter origem na mesma pessoa, que conforme o seu humor ou estado de espírito, olha para o seu passado de forma diferente.

Em qualquer dos humores no entanto, a verdade é que essa pessoa se mantém agarrada ao passado. Emersa, afundada. E em vez de o passado ser tornar uma fonte de aprendizagem, é uma fonte de sofrimento e frustração. Nem que seja porque impede o indivíduo de viver a sua vida, o seu presente em plenitude.

Conheço também quem só descubra como amou alguém, quando perdeu essa pessoa. Foi preciso a relação terminar para quem experimenta a dor da perda, perceber que afinal tinha ao seu lado o grande amor da sua vida. Ou o seu ideal amoroso. E perdido nestas lamentações, tudo o resto será sempre uma 2.º escolha. Até provavelmente ao dia em que experimenta nova perda, e então afinal a 2.ª escolha até era uma pessoa fantástica e lá vai aumentar a bolsa das frustrações com 2 ideais amorosos perdidos.

E assim vamos vivendo o presente, comparando, lamentando e revivendo o passado.

O crescimento interior começa quando nos libertamos dos pensamentos que nos fazem sentir tristeza, dor, descontentamento.

A libertação não significa ignorar algo que aconteceu, mas simplesmente não ficar preso a pormenores específicos que só contribuem para o aumento do stress e da infelicidade.

E como nos libertamos dos pensamentos infelizes dos outros? Aqueles que nos comparam sistematicamente com uma situação ideal, que nos fazem sentir uma 2ª escolha, que nos atacam a auto-estima?

Como deixamos de ficar sistematicamente presos e enredados no passado e frustações alheias? Esperando, como nos dias chuvosos, que haja uma aberta, que o tempo "lá em cima melhore", e o que passou fique arrumado?

E se enquanto vamos esperando vamos sofrendo, porque as abertas são tão curtas, que ficamos sempre com a sensação que aquele sorriso, aquele bom humor não era nosso. Não era para nós, não era por nós.

A libertação surge no dia em que deixarmos de pensar que a nossa felicidade depende da resolução dos problemas dos outros.

3 Comments:

Blogger Luis said...

Olá,

Não pude deixar de me sorrir ao ler o que escreveste.

Lembrei-me de uma história que me contaram há um tempo atrás de um casal de namorados que estão na cama e a namorada começa a falar e diz:
"Nós não estamos aqui sozinhos, estás aqui tu, os teus pais, os teus amigos..."
e o rapaz a ficar mais incomodado a cada palavra
"E eu estou aqui, com os meus pais, os meus avós, os meus amigos o meu ex-namorado..."
e nisto o rapaz levanta-se da cama de um pulo e diz:
"Os pais já é estranho, os amigos enfim, mas o ex-namorado é que não!"

Sabes, o grande amora de uma vida (na minha opinião) é aquele que tu sentes e que se mantém sem precisar de grandes esforços e de construções idiotas, esses momentos virão com o desenrolar dos anos e com as situações delicadas em que a vida nos coloca.

Quanto às comparações com outros ou outras, por muito estranho que pareça estamos sempre em avaliações mas sou da opinião que esta mania de amores atrás uns dos outros é meio caminho andado para a desgraça porque assim nunca "enterras" um, vais acumulando e os que ficam para trás deixam de ter defeitos e passam a só ter virtudes embora na realidade tenha tido virtudes e defeitos como todas as pessoas têm e como todas as relações têm.

Passados idilicos ou sofredores são passados que me fazem logo desconfiar, nem tudo é só rosas ou só espinhos, há sempre uma mistura das duas coisas.

Acreditar que a solução da nossa vida está nas mãos de outros parece-me um risco tremendo porque se estiver tu estás dependente daquela pessoa e ficamos sempre presos.

Enfim, li e sorri porque algumas das coisas já senti ou pensei...

Beijinhos

segunda-feira, julho 24, 2006 6:30:00 da tarde  
Blogger Luis said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

segunda-feira, julho 24, 2006 6:30:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sabes que sempre foi mais fácil expressar por poemas e letras de músicas... aqui vai e julgo que ao encontro do teu texto. Espero que gostes:

Não vou viver, como alguém que só espera
um novo amor
Há outras coisas no caminho onde eu vou
Às vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momento que são meus e que não abro mão

Já sei olhar o rio onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou para mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
Eu vou lembrar você

É, mas tenho ainda muito coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exacto pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir

Ana Carolina – Pra Rua Me Levar

quarta-feira, julho 26, 2006 11:21:00 da manhã  

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