sábado, julho 29, 2006

Felicidade e Insatisfação?

É frequente sentir-me bem e feliz, ainda que não totalmente satisfeita.
Parecia impossivel à partida poder estar feliz e simultaneamente insatisfeita. Mas este é apenas um raciocínio que se faz acerca dos sentimentos.
Posso sentir-me feliz e ainda achar que gostaria que algo fosse diferente. Sei que às vezes a insatisfação nos atrapalha a felicidade, ou nos baralha. É esta confusão que nos causa a infelicidade, não é a insatisfação em si. A insatisfação poderá até ser um excelente motor para o desenvolvimento, se conseguirmos em cada momento manter o focus, distinguir o que são as emoções e os sentimentos, e o que são os objectivos.
Tenho tentado focar-me no estado de felicidade. Basicamente se me sinto bem, porque hei de estar sistematicamente a pensar no que gostaria que fosse diferente?
Não me resignei, simplesmente estou a tentar evitar que o meu pensamento me atraiçoe e me faça perder o focus.
Já perdi tempo de mais na minha vida a pensar em coisas inúteis, e que ainda por cima me deixavam em miseráveis estados de angústia e ansiedade.
Às vezes quando releio algumas coisas que escrevi nessas alturas dou-me conta que todas as circunstâncias que, à época, contribuíram para aquele meu estado, acabaram por ser receios infundados, ou simplesmente não tinham a real importância que aparentavam.
Dou-me conta agora, que aquilo para que mais contribuíram essas circurstâncias, foi para a minha total dispersão e isso sim, teve impacto na minha vida.
É por isso que agora tento a todo o custo evitar essas “armadilhas do pensamento”, tento impedir-me de ficar paralisada com pensamentos inúteis sobre coisas e pessoas sobre as quais não tenho qualquer controlo.
Já fiz a experiência: num dia fiquei triste por uma qualquer situação pouco importante. Basicamente esse evento despoletou em mim uma série de pensamentos sobre a insatisfação que sentia. E é nessa espiral de pensamentos “viciados” que normalmente surgem as grandes questões: o que faço? O que decido? Como será o meu futuro se continuar assim? E as respostas não surgem.
Sabia à partida que esta sequência de pensamentos ia condicionar o meu humor. A opção era ficar aborrecida o resto dos dias, remoendo as mesmas questões sem resposta, ou sacudir os pensamentos e viver o dia seguinte como um dia só, sem condições nem consequências.
E foi um dia magnifico.

Tinha até aqui a ideia que a minha vida avançava de crise em crise. No momento em que surgia uma crise – uma birra, uma discussão, uma confrontação, algo se clarificava, algo se decidia, algo avançava.
Não é verdade. A minha vida (provavelmente como a de todos os seres humanos) avança em cada momento de felicidade, bem estar e plenitude. São estes momentos que nos dão a certeza e a segurança das decisões. Que nos confirmam o caminho escolhido e nos dão a força e a vontade para prosseguir.

3 Comments:

Blogger Luis said...

Por estranho que pareça acho que quanto mais o tempo passa mais vamos percebendo o que realmente conta...

Os momentos felizes são aqueles que depois, quando olhamos para trás nos dão um sabor doce.

Sentirmo-nos felizes com alguma coisa não implica que não se deseje mais e melhor...

sábado, julho 29, 2006 10:52:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

por mais picadas de melgas que a Comporta (leia-se Vida) tenha haverá sempre um por do sol para nos por um sorriso nos lábios. Às vezes temos tendencia para complicar o que é facil e no fim apenas basta dizer o que nos apetece e vai na alma.

segunda-feira, agosto 07, 2006 5:52:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Vi uma alusão no seu blog aos "11 minutos" de Paulo Coelho, que também li, e chamou-me particularmente à atenção este pedacito.

“Do diário de Maria, no dia em que conheceu o suiço:

Já agi mal quando tinha onze anos, e um menino me pediu um lápis emprestado; desde então, entendi que às vezes não existe uma segunda oportunidade, é melhor aceitar os presentes que o mundo oferece. Claro que é arriscado, mas será que o risco é maior do que um acidente de autocarro que levou 48 horas para me trazer até aqui? Se tenho de ser fiel a alguém ou a alguma coisa, em primeiro lugar tenho de ser fiel a mim mesma. Se busco o amor verdadeiro, preciso primeiro de ficar cansada dos amores medíocres que encontrei. A pouca experiência de vida que tenho ensinou-me que ninguém é dono de nada, tudo é uma ilusão – e isso vai dos bens materiais aos bens espirituais. Quem já perdeu alguma coisa que tinha por garantida (algo que já me aconteceu por tantas vezes), acaba por aprender que nada lhe pertence. E se nada me pertence, tão pouco preciso gastar o meu tempo cuidando das coisas que não são minhas; é melhor viver como se fosse hoje o primeiro (ou o último) dia da minha vida”

in "11 minutos" de Paulo Coelho

Será? Parece-me um dilema. O eterno dilema do EU. Se por um lado não somos capazes de amar alguém sem nos amarmos a nós próprios, por outro não somos ninguém sem nos darmos e darmos aos outros. O reino animal é pródigo em exemplos de viver em comunhão. Sabem por exemplo que quando vão caçar todos dependem de todos para serem bem sucedidos, sabem por exemplo que quando são os caçados a vigilância de todos e de cada um afecta toda a comunidade. O Homem é exemplo de evolução... EU. Será evolução?!
Um dia a seguir ao outro? Sim, mas com os olhos postos no dia seguinte. De outra forma só vejo egoísmo e decadência. No entanto hoje sinto-me assim... amanhã logo se verá.

Eu pelo meu lado vou tentando aceitar o que o mundo me dá. Regozijo-me com as coisas boas, aprendo com as más.

Parabéns, Mary, pelo seu blog.

quinta-feira, agosto 10, 2006 1:28:00 da tarde  

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